Ginecologia e Hormonioterapia

HPV (Papilomavírus)

Provavelmente 80% da população mundial sexualmente ativa foi infectada pelo HPV em algum momento. A importância desses números reside no fato de que alguns tipos de HPV estão claramente relacionados ao câncer de colo uterino, vagina, vulva, pênis e até de câncer de ânus. Os subtipos mais “oncogênicos” são o 16 e 18. Já outros subtipos são menos “oncogênicos” e mais relacionados ao aparecimento de verrugas.

Nem todas as pessoas que se contaminam com o HPV vão desenvolver câncer. Além de ser necessário que a contaminação tenha sido preferencialmente pelos subtipos 16 e 18, outros fatores são importantes, porém não muito bem determinados, como genética da paciente, estado da imunidade, promiscuidade, desnutrição, tabagismo e contaminações concomitantes, com HIV e Chlamydia Trachomatis.

Sintomas

Algumas infecções do HPV causam verrugas, mas na verdade a grande maioria das infecções do HPV não demonstram sintomas. E é aí que nascem as perguntas: de que forma poderíamos descobrir se a mulher está com HPV? Caso positivo, como descobrir se este HPV está ativo e se há lesões precursoras de câncer em atividade?

Felizmente, os métodos disponíveis hoje são extremamente eficazes e, quando realizados juntos, dão segurança praticamente total. Para rastrearmos lesões precursoras de câncer temos a colpocitologia oncológica (Papanicolau), a colposcopia e a vulvoscopia. Nestes procedimentos, quando se detecta área suspeita pode- se realizar uma biópsia no mesmo instante.

Quando se confirma no anátomo-patológico desta biópsia que realmente trata-se de uma lesão precursora de câncer é necessário verificar o grau de “severidade” desta lesão. Basicamente, de acordo com a gravidade denominamos-as de NIC I, NIC II e NIC III. Sabemos que as lesões menores (NIC I) tem alto grau de resolução espontânea, enquanto as maiores (NIC III) são mais perigosas. Portanto, nas lesões menores pode-se até optar pelo simples acompanhamento e aguardar resolução. E é aí que é importante a informação de qual subtipo de HPV que está naquela lesão, se é um dos subtipos mais perigosos ou não, pois caso seja os subtipos 16 e 18, mesmo sendo uma lesão como a NIC I, talvez seja melhor optar pelo tratamento ativo.

Tratamentos

Dentre os diversos tratamentos curativos das lesões precursoras de câncer, o que demonstrou os melhores resultados é o CAF (Conização por Alta Freqüência). Este é um procedimento cirúrgico de média complexidade e que deve ser realizado por profissional treinado. Basicamente, a idéia é retirar o tecido lesado e destruir o restante com o auxílio de instrumento que utiliza energia de alta frequência. Após o procedimento, deve-se verificar pelo anátomo-patológico se todo o tecido foi retirado com margem de segurança e realizar o seguimento com colpocitologia oncológica (Papanicolau), a colposcopia e a vulvoscopia a cada três meses no primeiro ano.

Cada caso deve ser analisado individualmente e é recomendado a conduta específica para cada paciente. Deve-se deixar claro também que a paciente pode se reinfectar pelo mesmo subtipo ou por outro.

Vacinação

Em relação à vacinação, qualquer pessoa poderia, em tese, utilizá-las. Mas sua maior indicação é para meninas que ainda não iniciaram a vida sexual (mas não antes de nove anos). Porém, há evidências que sugerem que mulheres que já se infectaram no passado também poderiam se beneficiar com a vacinação, provavelmente com uma reativação da imunidade promovida por ela. Todas estas conclusões valem para os homens.

Existem duas vacinas contra o HPV aprovadas pela ANVISA. Uma é quadrivalente (GARDASIL) que confere proteção contra HPV 6, 11,16 e 18. A outra é a bivalente (CERVARIX), que confere proteção contra HPV 16 e 18. Ambas são tomadas em três doses, sendo a segunda um mês após a primeira e a terceira seis meses após a primeira.

A vacina tem um tempo de duração estimado em até nove anos no organismo. Mas pesquisas são necessárias para afirmar se serão precisos reforços periódicos.

Mesmo as pacientes já vacinadas devem fazer a rotina de exames periódicos anualmente, assim como aquelas que já foram submetidas a tratamentos de lesões precursoras de câncer.