Obstetrícia e Medicina Fetal

Parto Natural Humanizado

A via de parto natural ou cesárea é, a priori, decisão da mulher, após meses de pesquisa, reflexão e decisão, assessorada por seu obstetra e por este deve ser respeitada.

O parto natural humanizado, sem dor, em ambiente familiar e com seu acompanhante, é possível. Excetuando-se as situações de patologias maternas ou fetais, onde a cesárea é imperativa, pode-se afirmar que todas as mulheres podem ter um parto normal.

A perfeita integração do obstetra, anestesista, neonatologista, enfermagem, gestante e familiares, contribui para que a parturiente seja motivada e atue de forma ativa no trabalho de parto.

Condução do trabalho de parto

Não é necessária raspagem de pelos (tricotomia) e tampouco lavagem intestinal. Em um primeiro momento, não é necessária a cateterização de veia periférica. A condução do trabalho de parto se baseia na observação da descida do feto (especificamente da cabeça do feto) e na dilatação do colo uterino, que deve chegar a 10 cm. Em situações naturais, o trabalho de parto pode levar até 13 horas.

O motor que promove essa progressão é a contração uterina. Ocorre aproximadamente de 03 a 04 contrações dentro de 10 minutos, com duração de 30 a 50 segundos. O número de contrações, a intensidade e duração das mesmas aumentam conforme o trabalho de parto progride, a cabeça fetal desce e o colo dilata mais. Por volta de 06 cm de dilatação, a bolsa amniótica se rompe, promovendo aceleração nas contrações, dilatação e decida fetal.

O obstetra fica ao lado da parturiente observando o padrão das contrações, intervindo quando julgar que estão abaixo do habitual ou quando estão aceleradas. Nenhuma das situações é o ideal, pois se sabe que durante as contrações, o feto é submetido a stress. Isto vai sendo avaliado com a ausculta dos batimentos cardíacos fetais. Caso as contrações estiverem fracas ou ineficientes, é possível corrigi-las com medidas simples como estimular a parturiente a não ficar deitada por muito tempo de barriga para cima, e sim do lado esquerdo, ou ficar sentada e até mesmo de pé. A movimentação materna ajuda inclusive a acelerar a descida fetal. Banhos de imersão em água quente também ajudam. Na verdade, todas as atitudes que promovam o relaxamento materno são comprovadamente eficientes.

Se as medidas simples não forem eficazes, pode- se realizar a correção das mesmas com o uso do hormônio ocitocina por via venosa ou até mesmo promover a ruptura da bolsa (amniotomia) se ela não ocorrer naturalmente no momento oportuno.

Analgesia

A analgesia (abolição da dor) deve ser feita quando a parturiente achar conveniente ou quando o obstetra julgar que ajudará a corrigir o padrão de contrações uterinas (hoje sabe- se que a dor, liberando adrenalina, atrapalha a dinâmica das contrações uterinas). Portanto, a analgesia não só traz tranqüilidade para a parturiente, com também acelera o parto. A mesma pode ser executada em qualquer momento do trabalho de parto, até mesmo no início da dilatação. Pode ser feita com uma peridural contínua com cateter (geralmente no início da dilatação, esta é a escolha com a possibilidade de infusão intermitente de anestésico na medula espinhal) ou peridural combinada com raquianestesia. A decisão de qual será a técnica de bloqueio espinhal cabe ao anestesista junto ao obstetra, na dependência do grau de descida da cabeça fetal e da dilatação do colo uterino.

Durante todo este intercurso, a monitoração fetal deve ser executada de forma contínua pela ausculta dos batimentos cardíacos fetais. Enquanto o feto nos sinaliza que está bem, o trabalho de parto continua.

A parturiente deve ser levada à sala de parto somente no momento da expulsão do feto.

A priori, nenhuma medida precisa ser feita e o obstetra se limita a prestar assistência na saída do bebê. Intervenções como epsiotomia e fórcipe de alívio são medidas de exceção, e não de rotina, e devem ser usadas se realmente for necessário. Respectivamente, para evitar uma possível ruptura perineal grave ou finalizar a saída de um bebê em dificuldade na transposição final do canal de parto.

Espera-se a saída da placenta e realiza- se a hemostasia de possíveis lacerações perineais. O acesso venoso deve ser prontamente retirado assim que se finalize o procedimento. O bebê já deve ser imediatamente colocado junto à mãe.

A princípio, a alta hospitalar pode ser dada em 24 horas.

Sem dúvida, é a melhor experiência que a mãe, o pai, os familiares e toda a equipe médica podem vivenciar.