Obstetrícia e Medicina Fetal

Medicina Fetal

Até alguns anos atrás, o pré-natal limitava-se a mãe, no acompanhamento e tratamento das doenças do organismo materno. Todo o foco de atenção era dado à parte materna, uma vez que o acesso ao feto era limitado. Mas, na atualidade, o foco passa a ser também o feto, além de todo aquele conhecimento que já existia à parte materna, que também cresceu nas últimas décadas. Portanto, a assistência pré-natal hoje é algo muito diferente do que era praticado até 20 anos atrás.

Diferentes problemas podem surgir em cada uma das semanas da gestação. Portanto, o ponto de partida é a mensuração correta da idade gestacional. A melhor técnica é com a ultrassonografia no início da gestação, através da medida do comprimento crânio-nádegas do embrião. Por volta de 07 semanas de gestação, a margem de erro é de 03 dias.

Exames pré-natal

Realizamos toda a rotina de exames de pré-natal, onde pesquisamos a presença de doenças maternas, déficits nutricionais, infecções e identificação de agentes ambientais teratogênicos. Esta primeira rotina é considerada básica, sendo direito de toda gestante e pode ser solicitada por qualquer agente de saúde treinado.

Devemos pesquisar o risco de doenças genéticas, primeiramente com uma entrevista onde se procura casos de malformações genéticas e/ou doenças de caráter hereditário nas duas famílias (heredograma). Na existência de casos genéticos nas famílias, podemos realizar um exame genético nos pais (cariótipo) para pesquisar qualquer alteração. Em seguida, iremos pesquisar malformações genéticas fetais em um exame no sangue materno, onde se procuram células fetais na circulação materna e se examinam as mesmas quanto as anomalias genéticas mais prevalentes (Síndromes de Down, Patau, Edwards, Turner, etc). Este exame é oferecido em alguns laboratórios sob diferentes nomes, como NIP-test, Panorama, Harmony-test, etc. Deve ser feito a partir de 10 semanas e tem chance de acerto de mais de 90% das vezes.

Ainda no aconselhamento genético, finalizamos com os exames ultrassonográficos morfológicos. O primeiro é realizado entre 11 e 14 semanas, onde além de se examinar minuciosamente toda a anatomia fetal, procura-se marcadores de risco genético, que são espessamento da nuca fetal (Translucência nucal), visualização do osso nasal, dopplerfluxometria do ducto venoso e pesquisa de regurgitamento da valva tricúspide. O segundo morfológico é feito entre 20 e 22 semanas, época esta onde temos uma melhor visualização de todas as partes fetais.

A partir daí, as ultrassonografias vão sendo feitas na gestação para calcularmos o peso do feto e pesquisar indícios de bem-estar fetal através da dopplerfluxometria (estudo da circulação de sangue no feto), verificação dos movimentos fetais, tônus fetal, movimentos respiratórios (presentes já intra-útero), medida do líquido amniótico e estudo da variação de frequência cardíaca.

Saúde materna

Concomitante ao acompanhamento da saúde fetal, continuamos prestando atenção na saúde materna. Uma vez estabelecido que o feto tem uma formação adequada, o sucesso da gestação vai depender da parte materna. E talvez o mais importante, depois de descartada qualquer doença na mãe pelos exames básicos de pré-natal, é o extremo cuidado com o ganho de peso materno.

Em linhas gerais, é necessário ter em mente que o ganho de peso excessivo é perigoso, pois pode provocar doenças como pressão alta e diabetes gestacional. Porém, o pouco ganho de peso também, pois pode provocar parto prematuro. Popularmente, costuma-se dizer que a gestante deve ganhar 12 kg de peso até o final da gestação. Entretanto, as que estão muito magras devem ganhar mais e as que estão com sobrepeso devem ganhar menos (mas nunca menos que 06 Kg, que corresponde ao peso do feto, da placenta e do líquido amniótico no final da gravidez). Existem tabelas e gráficos baseados em equações, onde se leva em consideração idade e altura, para calcularmos o peso ideal daquela mulher e assim o quanto de peso idealmente ela deve ganhar até o final da gestação. A fórmula mais simples diz que a gestante deve chegar ao final da gestação 20% a mais do peso ideal para a sua altura.

A dieta então pode ser calculada especificadamente em relação às calorias, e deve ser hiperproteica e hiposódica. Deve ser realizada uma suplementação de vitaminas com um polivitamínico específico para gestação e de ácidos graxos essenciais para formação cerebral (Omega 3). Vale aqui menção ao ácido fólico, que deve ser tomado 03 meses antes da gestação.

Exercícios físicos devem ser realizados, preferencialmente os de baixo impacto e pouca sobrecarga muscular e articular (caminhadas e hidroginástica).

Com finalidade estética pode-se prescrever cremes dermatológicos, após o primeiro trimestre e com substâncias não teratogênicas, a fim de se prevenir estrias e manchas solares. Mas em relação a estas últimas, o melhor é evitar exposição excessiva ao sol.

Visitas médicas

Devem ocorrer a cada 15 dias, e em situações de alto risco a cada 07 dias.

O feto está de termo com 37 semanas e deve nascer idealmente até 40 semanas. Em situações muito específicas e com extremo controle, poderia se esperar até 41 semanas, se a mãe desejar parto normal.

A via de parto (normal ou cesárea) vai depender das condições de saúde da mãe e do feto e principalmente, é claro, da decisão da mulher. Segundo o princípio ético universal de “autonomia do paciente”, é a mãe quem deve escolher que tipo de parto quer ter.

No puerpério (pós-parto), é necessário ter toda a atenção focada na estimulação da amamentação e na prevenção de infecção mamária (mastite) e infecção da ferida operatória (quando houver). Deve-se ainda ter atenção redobrada naquelas sob-risco de desenvolver depressão pós–parto e orientações sobre métodos anticoncepcionais.

Entre 06 e 08 semanas do pós-parto, o organismo da mãe voltou ao metabolismo de antes e os órgãos estão como no estado pré-gravídico. Deve-se então marcar a primeira rotina ginecológica com 12 semanas.